terça-feira, 30 de agosto de 2011

Dilema

Confrontaste-me com o dilema que te fechava as portas da liberdade e consequente felicidade. Não sabias se estarias tu errada, se o resto do mundo. Fiquei a pensar numa resposta célere e consequente, mas não a encontrei. Ainda caminhei pelos caminhos retorcidos da minha mente, e subi ao cume da mais instantânea imaginação. Nada encontrei. Desço agora a teus pés para te dizer que nada te trago a não ser as minhas duas mãos vazias, mãos que podes optar por agarrar e apertar, puxando o meu corpo para te abraçar numa eternidade.
Não tolero a angústia que se apodera de ti, mas também não a consigo aniquilar. Não a posso ignorar mas escondo-a muitas vezes de mim, por entre as sombras dos meus dias, em que cedo prioridade às mais infames futilidades. Espero assim, sem argumento válido, nem testemunhas da minha defesa, que me possas perdoar.
No meu caminho até ti não me deparei com paisagens deslumbrantes ou criaturas enigmáticas, mas apenas com o pó e as pedras de uma estrada milenar, na qual segui as minhas próprias pegadas. Tropecei vezes sem conta nas minhas atitudes ora submissas, ora irreflectidas. Os meus erros nunca os deixarei na estrada, seguirão sempre comigo.

domingo, 21 de agosto de 2011

Oceanos

A distância entre nós começou por ser do tamanho de um oceano. Facilmente percebi que esse oceano era tão navegável quanto as correntes e marés que me puxavam para ti. Do oceano se fez nada, e do desconhecido se fez ansiedade. Ilustrei o meu desejo por ti em segredos que ainda hoje estão por desvendar, e anunciei ao outro lado do mundo que o dia chegaria em breve, acompanhado pela luz que resplandecia no horizonte. Fomos ingénuos e fomos puros. Brincámos como crianças por entre palavras inócuas e declarações de sinceridade.
Depois esperámos apáticos que o sol carregasse a sua energia para lá desse oceano, apenas para que de novo a escuridão se abatesse e com ela trouxesse a incerteza. Continuei a segurar a tua mão, mesmo que não o sentisses. Na noite senti o palpitar das tuas veias e a visa que corria em ti. O teu palpitar confundia-se com o meu, os nossos corpos fundiram-se em sentidos. Mesmo quando não te apercebias, eu estava lá. Mesmo que agora não o saibas, estou contigo.
Une-me a ti a maré que sempre me transportou, que me levou ao teu reduto. Não consigo explicar a energia dessa maré. Apenas me vou deixando levar. Por vezes, pode parecer que a maré não me trará de volta. Mas ela sabe o que faz. Eu confio nela. Sei que ainda estás aí para me recolheres quando eu for abandonado na praia. Sei que me vais enxugar e dar de beber o teu amor. Sei que me reconfortarás e poderei adormecer nos teus seios. Sei que enfrentaremos mais um anoitecer com a confiança de quem sabe que um novo dia se seguirá.