domingo, 21 de agosto de 2011

Oceanos

A distância entre nós começou por ser do tamanho de um oceano. Facilmente percebi que esse oceano era tão navegável quanto as correntes e marés que me puxavam para ti. Do oceano se fez nada, e do desconhecido se fez ansiedade. Ilustrei o meu desejo por ti em segredos que ainda hoje estão por desvendar, e anunciei ao outro lado do mundo que o dia chegaria em breve, acompanhado pela luz que resplandecia no horizonte. Fomos ingénuos e fomos puros. Brincámos como crianças por entre palavras inócuas e declarações de sinceridade.
Depois esperámos apáticos que o sol carregasse a sua energia para lá desse oceano, apenas para que de novo a escuridão se abatesse e com ela trouxesse a incerteza. Continuei a segurar a tua mão, mesmo que não o sentisses. Na noite senti o palpitar das tuas veias e a visa que corria em ti. O teu palpitar confundia-se com o meu, os nossos corpos fundiram-se em sentidos. Mesmo quando não te apercebias, eu estava lá. Mesmo que agora não o saibas, estou contigo.
Une-me a ti a maré que sempre me transportou, que me levou ao teu reduto. Não consigo explicar a energia dessa maré. Apenas me vou deixando levar. Por vezes, pode parecer que a maré não me trará de volta. Mas ela sabe o que faz. Eu confio nela. Sei que ainda estás aí para me recolheres quando eu for abandonado na praia. Sei que me vais enxugar e dar de beber o teu amor. Sei que me reconfortarás e poderei adormecer nos teus seios. Sei que enfrentaremos mais um anoitecer com a confiança de quem sabe que um novo dia se seguirá.