domingo, 10 de julho de 2011

Gatos vadios

Os gatos vadios vão-se equilibrando sobre os vagões abandonados. As suas unhas unem-se de paixão à ferrugem do metal, perpetuada pelas marcas que lembram os desenhos de uma criança. Enquanto isto, a noite cai, assim como as tuas lágrimas. Os gatos continuam a equilibrar-se nos vagões. Não distingo entre sonho e alucinação, ao ver-me de repente fumando ópio à mesa com Fernando Pessoa. Divagamos por caminhos inexplorados. O que desce sobre nós no momento em que nascemos? Que matéria nos penetra o físico e nos dota de espírito? Da minha observação dos gatos não encontro nenhuma resposta. Tu ainda choras. E a noite ainda cai.