domingo, 26 de dezembro de 2010

Meio vivo

São as águas passadas
Que movem os moinhos da minha insanidade
Quando olho para trás
E vejo restos de tempos sem necessidade
São tempos que levaram parte de mim
Tempos que me deixaram num inferno sem fim

E é em cada vez
Que relembro o passado
E tudo o que perdi
É em cada vez
Que recordo o que não posso viver
E tudo o que não vivi
É todas as vezes, folheando um qualquer livro
Que sinto que estou meio vivo

São mágoas viciadas
Que abrem buracos no meu coração
Quando olho o futuro
E vejo o meu corpo num caixão
São sentimentos que me tornam no que sou
Sentimentos de um ser que não sabe se te amou

E é em cada vez
Que espero que me respondas
E tu nada dizes
É em cada vez
Que penso que nós os dois
Poderíamos ser felizes
É todas as vezes, chorando sem motivo
Que sinto que estou meio vivo

[27/5/2002]